Estilos de arco - parte 1: Anatomia do arco
Quando um de nossos alunos quer comprar um arco, a primeira pergunta que fazemos é: “Qual estilo você gosta?”. Como a resposta para essa geralmente é “não sei”, vem nossa segunda pergunta: “Qual você acha mais bonito?”, ao que as pessoas geralmente respondem “Qual que existe?”. Essa não é uma pergunta rápida de responder, pois envolve muitas informações combinadas.
A primeira é: Os “estilos de arco” que consideramos têm como base as especificações da IFAA para competição. Esses parâmetros são estabelecidos para permitir que, não importa o que você queira usar, você estará em um nível minimamente aceitável de igualdade de condições com seus adversários da mesma categoria.
As três principais características dessa divisão são: material do qual seu arco pode ou não ser feito; recurso tecnológico que pode ou não ser utilizado; e recurso técnico que pode ou não ser utilizado.
Para facilitar a vida, vamos dividir essas características em algumas etapas didáticas:
1- Anatomia de um arco genérico;
2- Formatos básicos de arcos;
3- Tecnologias e Acessórios;
4- Variações técnicas;
5- Estilos de arco em si (combinações das anteriores)
Começando pelo ponto 1 - Anatomia de um arco genérico.
Qualquer que seja o formato, um arco pode ser dividido em 3 partes: punho, lâminas e corda.
O punho é a parte central, o lugar onde vai ficar sua mão e onde a flecha vai entrar em contato com o arco. As lâminas são as “pontas” do arco, onde é presa a corda. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, as cordas não são elásticas, as lâminas que são.
A divisão entre punho e lâmina é bastante óbvia nos arcos de três peças, já que punho e lâminas são peças separáveis. Nos outros casos, o que define esse limite é: A parte que trabalha (se dobra) é a lâmina; a parte que não se dobra é o punho.
Os punhos, também chamados risers, podem ser feitos de diversos materiais. Os mais comuns sendo madeira, alumínio, liga de magnésio ou fibra de carbono. Mesmo modelos feitos de mesmo material podem ter uma variação bem grande de tamanhos, formas, pesos e recursos tecnológicos com os quais são compatíveis.
Como falamos, as lâminas são a parte elástica. São elas que se curvam e quando voltam para a posição original geram a força que lança a flecha. Mesmo no caso dos arcos compostos (os que tem sistema de roldanas nas pontas, vulgo “arco do Rambo”) ainda são as lâminas que realizam a força.
Essa força é normalmente medida em libras. Uma libra equivale a 454g, mas normalmente utilizamos a medida em libras, sem fazer conversão para quilos. Assim como os tamanhos de coisas no arco são medidos em polegadas e não em centímetros.
A respeito de materiais, podem ser usados desde materiais tradicionais como madeira, osso e chifre até materiais modernos como ligas metálicas, fibra de vidro, espuma de grafeno e fibra de carbono. Esses materiais também podem ser combinados na confecção de um arco, como por exemplo as lâminas de madeira e fibra, seja de vidro ou de carbono.
As cordas são feitas com fios da família do poliéster e do nylon, podendo ter outras fibras sintéticas em sua composição. Cordas com fibras naturais, sejam vegetais ou animais, não podem ser usadas em competições por questão de segurança, já que tem chances (muito) maiores de arrebentar durante o uso, apesar de alguns estilos tradicionais de arco ainda às usarem como arcos de kyudo.
Em geral não são utilizados sistemas de tranças, mas filamentos paralelos, que distribuem melhor a força entre si e não criam tantos pontos de atrito/tensão ao longo da corda. O mais próximo disso são as cordas estilo flemish, que são '“trançadas” por torção, de forma parecida às cordas de sizal.
Essas três partes, punho, lâminas e corda, resumem a anatomia de um arco genérico. Os materiais de que são feitos punhos e lâminas vai interferir no estilo de arco onde o equipamento se encaixa.
Na parte 2, entraremos nos formatos básicos dos arcos usados contemporaneamente na parte esportiva.